Já se falsificam documentos nos serviços da administração pública em Portugal para denegrir um político (seja ele neste caso de esquerda ou direita). Vamos chegar a um ponto de abandalhamento no combate político onde vai valer tudo: enxovalhar o nomes das pessoas, inventar histórias, mergulhar na vida privada. Vamos saber finalmente quem é gay ou não é; quem se deita com quem; quem tem dívidas de jogo ou frequenta as casas de alterne. Os jornais – os ditos de referência – decidiram-se a vasculhar nos baldes do lixo. Isso tem um problema: o contágio em mexer-se em certas substâncias viscosas que me dispenso de identificar.
A fixação na dimensão moral da acção política é normalmente passadeira para as ideologias totalitárias e os fascismos antigos e reabilitados. Apenas teocracias como as do Irão e a da Cristandade no tempo da subjugação absoluta dos monarcas à Roma papal tornam/tornaram os clérigos, os papas, os rabis ou os ayatolahs julgadores últimos da virtuosidade dos principes, punindo os que os contrariavam e privilegiando os que lhes prestavam vassalagem.
Para bem (ou para mal) a modernidade acabou com isso, separou de forma clara o plano do religioso do plano do profano, pondo cada um no seu andor, na sua esfera. Como cidadão e politólogo não quero viver num mundo em que as escolhas sejam – outra vez – ditadas pelo virtuosismo do monarca ou do chefe do governo. Salomão só existiu um e a sua virtude glorificada na Torah é contrariada pelo estudo histórico da sua acção como chefe militar em que foi de uma impiedade revoltante com os adversários.
Pela experiência que tive em viver sob salazarismo não quero outra vez voltar a viver num tempo em que a moral ruralóide de um qualquer beato complexado passe a ditar o que eu penso e aquilo que posso escolher. Não gosto de políticos santos; têm sempre uma dimensão repugnante e pestilenta que quando conhecida deixa os ‘pecadores’ no Céu.
Acompanhando a political norte-americana com cuidado, acho que nós portugueses não temos feitio, nem maneira de ver o mundo, para a lente puritana e necessariamente hipócrita com que eles fazem as escolhas. Como disse Cristo quem não cometeu pecados que atire a primeira pedra.
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